A Prefeitura de Corumbá vem demonstrando um compromisso renovado com a transformação social ao levar ações de ressocialização ao sistema penitenciário por meio da exibição de curtas educativos. A iniciativa não se limita a uma intervenção pontual, mas se configura como uma abordagem estratégica: usar o poder do cinema para provocar reflexão, reforçar o diálogo e gerar esperança entre pessoas privadas de liberdade. Essa aposta na arte como ferramenta de reconstrução de vidas revela um modelo de gestão pública que prioriza a dignidade, a educação e a empatia na execução penal.
Durante os dias de exibição dos curtas, os internos foram convidados a assistir a histórias de superação, reconstrução e inclusão. Esses vídeos motivacionais servem como espelho e estímulo, permitindo que as pessoas encarceradas se vejam em jornadas de mudança e, ao mesmo tempo, reforcem valores como autoestima, resiliência e propósito. A escolha por curtas-metragens, em vez de produções longas, evidencia uma estratégia bem pensada: manter a atenção, provocar impacto emocional numa janela curta de tempo e estimular debates pós-exibição sem exigir um comprometimento excessivo de carga horária.
Mais do que entretenimento, a ação reflete uma política pública inclusiva que valoriza a escuta e o acolhimento. Ao inserir atividades culturais no ambiente prisional, a gestão de Corumbá reforça que a ressocialização não é apenas cumprir pena, mas reconstruir trajetórias por meio da educação. Esse tipo de estratégia contribui para reduzir traumas, abrir caminhos de diálogo e preparar os internos para uma possível reintegração social, com novos horizontes e oportunidades.
A parceria entre a Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania e a Superintendência de Políticas Públicas reforça o caráter institucional e sustentável do projeto. A articulação entre diferentes esferas do poder público garante que a exibição dos curtas educativos seja apenas parte de um plano mais amplo, integrado com outras ações socioeducativas. A estruturação dessa iniciativa mostra que a administração municipal entende a importância de um trabalho contínuo: a ressocialização exige não apenas investimento pontual, mas ações sistemáticas de escuta, diálogo e formação.
Além disso, a iniciativa ganhou um recorte importante ao se alinhar com a Gerência de Políticas Públicas para a comunidade LGBT, evidenciando um compromisso com a diversidade e a inclusão. No mês dedicado a fortalecer políticas voltadas para esse segmento, a exibição de curtas educativos dentro dos presídios reforça a ideia de que ressocializar é também promover igualdade e respeito às diferenças. A mensagem transmitida é que todas as pessoas merecem atenção, diálogo e oportunidade de recomeço, independentemente da identidade ou orientação.
O processo de ressocialização por meio de curtas educativos também abriu espaço para uma escuta ativa das demandas dos internos. Durante as sessões, muitos participantes expressaram a necessidade de acesso à educação formal, cursos de qualificação e apoio emocional para o período pós-cárcere. Essas reivindicações, registradas pela gestão municipal, alimentam o planejamento de políticas futuras, mostrando que a exibição de filmes não é apenas simbólica, mas uma porta de entrada para melhorias concretas no sistema de justiça social.
Uma abordagem humanizada como essa também pode contribuir para reduzir a reincidência penal. Ao estimular reflexões profundas e oferecer ferramentas de autoconhecimento, os curtas educativos ajudam a construir uma mentalidade diferente, mais voltada para a responsabilidade, a reconstrução de laços familiares e o empoderamento pessoal. Esse efeito potencial é reforçado pela crença de gestores públicos de que a ressocialização eficaz só ocorre quando há atendimento integral da pessoa presa, não apenas sob a ótica punitiva, mas com foco no seu valor humano.
Por fim, a experiência de Corumbá mostra que políticas de ressocialização bem desenhadas podem servir de referência para outros municípios. A reprodução de iniciativas como a exibição de curtas educativos em ambientes penais pode inspirar novas práticas em diferentes contextos, promovendo uma cultura de reconstrução, solidariedade e transformação. Se seguida com constância, essa estratégia reforça que a ressocialização é, antes de tudo, um ato de humanidade e de investimento no futuro coletivo.
Autor: Mikhail Dimitri
